A
vós compreender
por
que eu,
calmo,
rindo-me
com a tormenta
levo
num prato a alma
ao
almoço dos dias atrás.
Com
a face suja das praças
chorada
de pranto sem fim
sou,
pode
ser,
o
último poeta.
Notaram
que
bamba
pelas
alamedas de pedra
um
rosto listrado de tédio enforcado
e
que nos rios caudalosos
nos
pescoços suados
as
pontes torceram seus braços de ferro.
O
céu chora
sem
parar,
alto,
e
na nuvem,
a
careta no cantinho da boca,
como
se uma moça esperasse um bebê
e
deus lhe tacasse um tortinho idiota.
Com
dedinhos gorduchos e cabelos ruivos,
o
sol os cutuca com a insistência de uma
berne –
mira
em suas almas um escravo.
Eu,
sem medo,
elevei
a ira dos raios de sol aos séculos;
com
a alma esticada, como nervos de um fio
sou
–
o
rei das lâmpadas!
Venham
a mim
os
que quebraram o silêncio,
os
que uivaram
ao
esquivar-se dos ataques do meio-dia, –
eu
lhes revelo,
com
palavras simples como mugidos,
nossas
novas almas,
zumbindo
como
lâmpadas acesas
É
só eu tocar-lhes as cabeças com os dedos
E
lhes crescerão lábios
para
beijos gigantes
e
uma língua,
materna
a todos os povos.
E
eu, com a alma cambaleante,
me
recolho ao meu trono
esburacado
pelas estrelas no encosto gasto.
Deito,
luminoso,
vestido,
por preguiça,
na
macia cama de merda natural
e
quieto,
com
a beijante dormência dos joelhos,
me
abraça o colo a correia industrial.