sexta-feira, 11 de julho de 2014

Cidades fantasma I. Sochi, ou, a maravilhosa polimerização do peróleo.



Sochi – depois de cansativas vinte e cinco horas de trem saindo de Moscou, descendo até a costa do Mar de Azov e acompanhando a foz das montanhas do Cáucaso, – Sochi.

Sochi é a cidade dos fantasmas-em-crisálidas. Crisálidas-prédios, crisálidas-tratores, crisálidas-gigantescas estações de trem. Crisálidas que brotam da terra, do ferro e do petróleo num parto que geme sons de britadeiras e escavadoras. Crisálidas que, ao entardecer, transparecem os raios do sol morno de abril à espera de serem habitadas pelos fantasmas do futuro: nuvens de gafanhotos-espectros-turistas, devoradores da vida humana local. Pobre Maiakóvski, jamais imaginou.

Nota. Pela primeira vez na vida, vi um bebê com ódio. Deitava sangue pelos olhos ao olhar para a própria mãe.

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