terça-feira, 16 de novembro de 2010

Quase uma Elegia.

(tradução livre de Diego Moschkovich)

Em dias passados eu também
esperei a chuva fria passar
escondido sob as colunas da Bolsa.
E achava que era um Presente de Deus.
Talvez estivesse certo.
Eu fui sim feliz algum dia.
Vivia no cativeiro dos anjos,
enfrentava vampiros.
Espiava - feito Jacó -
uma beldade de vestido correndo
pelas escadas.

Para onde na eternidade tudo isso foi.
Se encondeu. Escrevendo "para onde" eu
nem mesmo coloco o ponto de interrogação.
É setembro. Diante de mim - um jardim.
Um trovão longínquo se deposita nos ouvidos.
E na folhagem densa a pêra madura
pendurada pelos ramos como falo viril.
E só a tempestade adormecida em meus ouvidos.
Como na cozinha de parentes distantes, avarento,
meu ouvido deixa o instante passar:
ainda não é música, mas já não é mais barulho.
-- Outono de 1968

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